"efeito Mike Patton"
Depois de "reencontrar" o ao vivo do Faith No More, rolou aqui um "back to the benger times".
E dá-lhe Pantera, Fear Factory, FnM, Metallica, Helmet...
Como é que eu consigo deixar esses discos tanto tempo entre a poeira?
mas que deixei de acreditar, isso eu deixei!
Minta sempre! O que você sente não deve ser, necessariamente, o que você alega sentir.
Faz tempo que venho adiando a última parte dessa série de três posts sobre o Cure, que é o texto sobre a caixa Join The Dots: B-Sides & Rarities 1978-2001 - The Fiction Years. A verdade é que, depois de baixar toda a discografia - e um pouco mais -, e ouvir detalhadamente cada um dos discos, cada uma das músicas, até cheguei a rabiscar algumas linhas sobre Join (...), mas quis adiar o texto, quis ficar um bom tempo sem ouvir a banda do Senhor Smith. E fiquei.
The Cure mexe comigo por ene razões. Por muitas vezes, desde quando comecei a realmente me interessar por música - 1997, 13 anos, magro, cabelo grande e inocente aos extremos - tem me servido de trilha sonora, para bons ou maus momentos. No vácuo existente entre Boys Don't Cry e Lovesong, Cure quase sempre foi mais do que música para entretenimento, estando presente e norteando momentos pelos quais eu passava (eu REALMENTE vivi Pictures Of You, ainda sem conhecer a música. Como explicar a supresa de um garoto, então com 15 anos, ou perceber que a letra daquela triste canção falava sobre tudo o que havia acontecido com ele na semana anterior?).
É por isso que prefiro escrever sobre eles quando alguma coisa está acontecendo, quando há MOTIVOS para um soundtrack com as canções de Bob Smith, quando estou mergulhado em algum turbilhão de sentimentos que podem variar entre ansiedade e medo, passando por outros.
Quer saber?
É domingo, pouco mais que 10 da manhã. E depois de uma estranha noite de sábado, estou "sóbrio e bem, muito bem assim". Mas o turbilhão está novamente formado. Vai ver até amanhã eu escreva sobre The Fiction Years.
[por enquanto substituo meu "momento Cure" por algumas músicas do A Perfect Circle...]
Grandes Infiéis, do Violins, foi, sem dúvida, o melhor cd nacional de 2005. Em todas as categorias. Não teve para Hermanos, Pato Fu ou quem quer que você possa lembrar agora, e isso é fato (preste atenção no negrito). Já os dois discos anteriores, não os conheço por completo, mas meus amigos que os conhecem dizem não ser tão bons. Mas sabe como é... amigos como o Joubert.
Os comentários transcritos foram de autoria de Manoel Magalhães, membro e compositor de duas entre as 3, ou 5 bandas cariocas que mais gosto (A saber: Polar e Columbia. As outras três, sem posição definida, são: a)Alice; b)Outono; c)Olivia - a única "falecida" entre as citadas), e, não há dúvidas, ver um membro das bandas contemporâneas que você mais admira em âmbito estadual rendendo tributo a banda contemporânea que você mais admira em âmbito nacional, tem seu peso, faz pensar.
Ok, eu posso não concordar com os "10 anos" (talvez até por não conhecer a fundo toda a discografia da banda), mas, com certeza, Violins é uma das coisas mais impressionantes surgidas na música brasileira nos últimos tempos.
Beto Cupertino e seu texto único correm por fora de qualquer categorização que possa ser feita, e mostram que Goiás pode dar para o Brasil bem mais que leite, tomate, duplas sertanejas e um time de futebol. Uma pena que, aqui no Brasil, texto bom não receba seu devido reconhecimento. Mesmo quando tenta ser popular, é profundo demais para a massa de desinteressados. Ou você imagina realmente que um dia vai encontrar as pessoas num ônibus cantando coisas como Absurdo:
Pois é, nada a ver
Eu não consigo mais
Entender quem aqui é você
Entender quem aqui sou eu
Mas há quem diga que somos um belo par...
Difícil é entender como é que é normal
Eu me apoiar em você
Pra achar a vida legal
E há quem diga que eu sou só um grande boçal
Mas é em você que eu vou encostar
Que eu já cansei de investigar e achar só um absurdo
Ter que ficar mudo
Quando alguém vem me criticar
Que eu devo me livrar de você
E enfrentar de vez o mundo
Isso é absurdo...
9 em Redação IV, 9,5 em Técnicas de Pesquisa Jornalística e 10 em Realidade Sócio-Econômica e Política Brasileira?! Eu?
Definitivamente, acho que os critérios de avaliação da faculdade estão ficando frouxos demais...
Nuépossívi!
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É só comigo ou a mistura de 1 litro de coca-cola, 1 comprimido de paracetamol, 2 pacotes de amendoin japonês, 3 torrones argentinos (desses que são vendidos no trem pelo preço de 5 por R$1,00), 1 dorflex e um punhado de batata palha não caem bem pra todo mundo?
Se perguntarem por mim, fui ali botar as tripas pra fora...
"Acima de tudo isso, ele é um mentiroso, um talento desperdiçado, um artista em fluxo contínuo e um mascate vendendo quilos de sua própria carne."
Lester Bangs
O texto acima, de autoria de um famoso jornalista musical norte-americano, diz respeito a Lou Reed, músico que se tornou conhecido por seu posto de guitarrista do grupo Velvet Underground, no final da década de 1960. Entretanto, não seria nem um pouco equivocado usá-la para definir Hunter Stockton Thompson, o mais insano e ácido – em todos os sentidos – jornalista da história, nascido em 18 de julho de 1937, em Kentucky, interior dos Estados Unidos.
O chamado "New Journalism", do qual fazia parte nomes como Truman Capote, Tom Wolfe (este, por sua vez, o responsável pela designação "new journalism") e Gay Talese, entre outros, visava por si só romper com as barreiras impostas pelo jornalismo "comum", frio, dos lides objetivos, da "Pirâmide Invertida" e dos textos pasteurizados, surgido em 1861 no The New York Times. Hunter Thompson, no entanto, ia além: não bastava ser subversivo, era preciso ser parte da notícia, ser parcial, ser marginal. E ele assim o foi.
Seus textos – uma complexa e perigosa mistura de new journalism, literatura beat, sangue, suor, álcool e todo tipo de substâncias psicotrópicas que se possa imaginar –, radicalizavam de tal forma que acabaram recebendo o rótulo de "jornalismo gonzo", gênero do qual Thompson foi criador, maior representante e provavelmente o último – por mais que jornalistas, jovens ou não, em todas as partes do mundo, possam tentar o tempo inteiro reproduzir seus passos.
Sobre a origem do termo gonzo (originado da gíria franco-canadense gonzeaux, que significaria algo como "caminho iluminado", mas que acabou se tornando sinônimo para nonsense), conta-se que o jornalista Bill Cardoso, amigo de Hunter, ao ler o texto chamado "O Kentucky Derby é Decadente e Degenerado" (que, a princípio, deveria ser um artigo sobre uma famosa corrida de cavalos de Louisville, terra natal de Thompson, mas que rendeu porém uma forte crítica à população local e seu modo de vida, no qual o nome do vencedor do evento não é mencionado em um momento sequer), escrito para o Scalan’s Monthly, em junho de 1970, exclamou: "Eu não sei que porra você está fazendo, mas você mudou tudo. É totalmente gonzo". O novo adjetivo foi adotado por Hunter Thompson, de forma que ele mesmo passou a denominar seu estilo como jornalismo gonzo.
Aos 18 anos, o jovem Hunter Thompson foi condenado a sessenta dias de prisão devido a um assalto, mas, por sugestão do juiz, aceitou se alistar na Força Aérea como pena alternativa, e foi na base de Eglin que começou a escrever para o jornal Command Courrier. Mais tarde, além de publicar 10 livros e diversas matérias como freelancer, Hunter foi também dos principais colaboradores das revistas Playboy e Rolling Stone, e do canal ESPN.
Entre seus livros, dos quais apenas 4 estão disponíveis em catálogo no Brasil atualmente, podemos destacar Hell’s Angels (o livro que popularizou o jornalista. A idéia, a princípio, era que Hunter escrevesse um artigo sobre a famosa gangue de motociclistas para a revista Nation, em 1965. Thompson, porém, acompanhou o grupo durante um período de 18 meses, realizando filmagens e entrevistas, viajando com o bando e praticamente se tornando um deles, exceto pelo fato de, ao final desse período, ter levado uma surra que lhe rendeu algumas costelas quebradas, de alguns motociclistas que estavam cansados de tanta exposição perante a mídia) e A Grande Caçada aos Tubarões (copilação de matérias escritas para diversos veículos impressos, entre o começo dos anos de 1960 – incluindo textos sobre o Brasil, escritos no período em que o jornalista morou aqui, mais precisamente no bairro de Copacabana, Rio de Janeiro, entre 1962 e 1963 – e o final da década de 1970). Os outros 2 são a ficção beat Rum – Diário de um Jornalista Bêbado (apesar dos personagens serem ainda jornalistas descontrolados, este livro é cuidadosamente estruturado, ao contrário dos textos freestyle do gonzo jornalismo) e Screwjack (pequena coletânea de textos soltos, que inclui o divertidíssimo M.E.S.C.A.L.I.T.O. (sic), no qual Thompson narra sua primeira experiência com mescalina, em uma narrativa repleta de detalhes). "Fear and Loathing in Las Vegas", que chegou a sair no Brasil em 1984, pela editora Brasiliense, sob o péssimo título de Las Vegas na Cabeça (atualmente fora de catálogo), chegou aos cinemas em 1998 como "Medo e Delírio", sendo o personagem de Hunter Thompson interpretado por Johnny Depp, amigo pessoal do jornalista (Depp, aliás, voltará a interpretar Thompson na versão cinematográfica de The Rum Diary, que pode começar a ser rodado ainda em 2006) .
Tão extrema quanto foi sua vida e sua escrita, foi também a sua morte. Em 20 de fevereiro de 2005, aos 67 anos, Hunter Stockton Thompson, ou "Dr. Gonzo", como costumava ser chamado, suicidou-se com um tiro na cabeça. Falando com sua esposa ao telefone, suas últimas palavras antes de apoiar o aparelho sobre o mármore da cozinha, carregar o revólver e puxar o gatilho foram: "Gonzo has left the building".
Seis meses após o suicídio, suas cinzas foram lançadas ao ar por um canhão instalado sobre um monumento em forma de punho gigante – símbolo do Dr. Gonzo –, de 45 metros de altura por 2,4 de largura, financiado por Johnny Depp, numa cerimônia presenciada, entre outros, pelos atores Sean Penn e Jack Nicholson, também amigos de Thompson. "Fanático por fogos de artifício, explosões e qualquer coisa que fizesse 'bang'", conforme foi definido por Troy Hooper, Hunter só poderia mesmo ter um final como esse.
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Ontem. Count Basie Orchestra soando alto em plena madrugada. Livros, livros pra todos os lados, caderno, folhas arrancadas, caneta, rabiscos e óculos, e água, e sono, e suor. Não agüentando o tédio, resolvi fazer algo de útil: o texto sobre Hunter Thompson que terei de apresentar, sei lá quando - se fim desse mês ou começo do próximo - na faculdade, num seminário que vale também sei lá quantos por cento da nota da prova.
É provável que eu ainda mude algumas coisas. Em todo caso, não deve sair muito diferente do que você acabou de ler.