Até que eu me divirto!

mas que deixei de acreditar, isso eu deixei!

3.30.2006

[sem título]

A mesma fria e leve brisa,
A chuva fina de sempre,
Clichês em um conto qualquer.
E você dorme, em paz,
Serena, dorme mulher!
Sem flores pra lhe coroar,
Sem amigos para me consolar...
Já é tarde.
Eu ainda lhe sinto perto,
Em parte por sua pele fria, normal para essa estação,
Em parte por seu rosto pálido,
Por tocar seu corpo, não sentir seu coração,
Por seus olhos fechados,
Por toda contradição...
Nada muito diferente.
Quase tudo igual, quase nada mudou,
Quase nada aconteceu, quase tudo está em paz,
E você é a mesma de sempre.
Foi meu sonho que morreu,
E sou eu quem não me reconheço mais.
.........


Resolvi escrever algo do tipo, só porque bateu saudade das coisas que eu lia quando tinha 16, 17 anos.
Alguém diz um dos meus autores favoritos nessa época? heheheh

3.26.2006

continuação, faxina e filmes de sábado a noite

No post anterior falei sobre os CDs dos meus amigos Ricardo Bluesman e Átila de Carvalho. Pois acabei de lembrar que em Na Língua dos Bárbaros, do Átila, há uma música na qual os dois tocam juntos (só não faço idéia do nome da faixa...). Um mezzo funk, mezzo samba, parecido com algumas coisas que o Lenine faz, que conta também com a participação da Regiane (nunca sei se é com "g" ou com "j"...), namorada do Átila, nos vocais. Upei para quem se interessar.
De quebra, upei também A Um Amor do Passado, que é uma composição feita em parceria deste que vos escreve com o Átila. A gravação que tenho aqui não é a oficial, e, na minha mente, ela soaria um tanto quanto mais folk (mais violões, menos guitarras com chorus e delay), mas, mesmo assim, já dá pra saber como é.
Upei as 2 em um único arquivo (em .rar). A primeira (track 8), é A Um Amor do Passado, enquanto a segunda (track 10), é a faixa em que o Bluesman dá as caras na hora do solo.
Baixe aqui.

......

Quer pôr seus pensamentos em ordem? Comece por uma breve faxina em suas coisas.
Troque os móveis de lugar, tire a poeira dos seus discos, reorganize seus livros em ordem alfabética.
Sempre dá certo, ao menos comigo.
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......

Até que ligar a tevê sábado a noite, depois é claro dos insuportáveis Zorra Total e A Praça é Nossa, pode ser interessante. Ontem, por exemplo, a Rede Globo exibiu um ótimo filme italiano chamado O Último Beijo (direção de Gabriele Muccino).
O filme, de 2001, que trata sobre fidelidade e sobre a chamada "crise dos 30", é tão bacana que teve seus direitos comprados por Hollywood, que pretende futuramente estragá-lo, digo, refilmá-lo em território americano.
Os personagens são um capítulo a parte. Tem o cara casado com uma mulher que se tornou insuportável após o nascimento do filho, o pegador, o psicótico ainda apaixonado pela ex, e os principais, Carlo e Giulia, e os pais da moça.
A trama pricipal surge quando Giulia revela estar grávida. Tanto a mãe de Giulia quanto Carlo passam a se questionar sobre estarem envelhecendo. Carlo acaba se interessando por uma adolescente (diga-se de passagem, um tanto quanto parecida com as irmãs Olsen), enquanto sua sogra vai atrás de um sujeito com quem teve um caso a anos atrás.
Interessante, não? Pois é... passou ontem na tevê.
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Tudo isso sem contar que só os closes já valeriam pelo filme inteiro.

3.25.2006

desânimo, blues, amigos, The Final Cut e Last FM

Sem muita coisa pra dizer, sem muita vontade escrever.
Sereno na parte da tarde, e como em todas as vezes que isso acontece, algum blues em meu ouvido (hoje foi Howlin' Wolf. E por falar em blues, fico muito feliz em saber que meu amigo Ricardo Bluesman finalmente gravou o seu cd, e está fazendo um belo trabalho tocando ao ar livre, na Praça XV, centro do Rio, de segunda à sexta, das 4 da tarde às 7 da noite).

Apenas para não deixar isso aqui vazio, segue a letra de Meu bem, Adeus, de um outro amigo, Átila de Carvalho. A música, uma balada com clara influência de Roger Waters (o tema remete, em imediato, à One Of The Few, faixa 3 de The Final Cut, último trabalho de Waters com o Pink Floyd), faz parte do CD Na Língua dos Bárbaros, que já está gravado e aguarda apenas o resultado de negociações para ser lançado no mercado (há a possibilidade de sair pela Biscoito Fino).
Experimental, popular, jazzy e erudito, na medida certa, é questão de tempo até Átila, com suas ótimas letras e seus belos arranjos, receber o devido valor como um dos melhores e mais completos compositores da atualizade - sem exageros.
Meu bem, Adeus, uma breve amostra de Na Língua dos Bárbaros, você pode baixar aqui.

"Eu não tenho a resposta sobre o que causou essa dor,
Não tenho palavras pra aliviar nossa causa,
E nem toda sabedoria compreende nossas razões...
Nem o maior grito aliviará nossa tristeza.

Não há gestos solidários,
Nem palavras mansas.
Não há carícias sem lágrimas,
Abraços sem apertos.
Só existe uma sombra triste em nossos olhos
E sobre nosso sorriso, uma máscara.

E você procura esperança no meu rosto
E vive a buscar música em minhas palavras,
Mas só o que há em mim é orvalho de tristeza.
Não há beijos sem despedidas
E nem há cartas sem um "a".

Minha desesperança está na mesma proporção de suas atitudes,
Minhas palavras são rudes, eu sei,
É que elas expressam meu sentimento de culpa.
Os meus gestos tentam abafar o passado,
Mas o passado me persegue e apaga o presente.
E cada atitude sua me traz de volta ao que vivemos,
Como assistir várias vezes a mesma peça teatral.
E cada ação que você não faz me diz o quanto tudo importa pra você;
Eu, com essa dor,
Você, chorando, me pede pra te dizer coisas boas...

Mas só te direi realmente o que sinto,
Não vai haver mentiras em minhas palavras.
Suas lágrimas não vão mudar meus gestos,
Pois você não quer entender o que sinto, o que digo,
Então... meu bem, adeus.
Meu bem, adeus..."


[Átila de Carvalho]



ps.: Bizzy, obrigado mesmo pelo seu último comentário. Conte comigo sempre que precisar.
Sempre.

3.21.2006

Fim de Março

De um encontro ao acaso ao portão em frente a casa.
Sereno, sorrisos. Do portão à varanda, e serenos sorrisos.
Fotografias.
Eu, você, e um disco de Bob Dylan.
Terça-feira, começo de outono.

A fumaça desse maldito cigarro ainda me incomoda, como sempre. Mas você... você continua linda, linda em seus jeans de sempre, em sua camiseta branca lisa, em sua postura imponente, seu corpo firme, seu olhar desafiador, quase superior.
Linda, como sempre.

- Vê esse sereno, fino, gelado?
- Sim, por que?
- Já reparou? É sempre assim nessa época. Assim hoje, será ano que vêm, foi assim há sete outonos atrás.
- E você, sempre o mesmo, aproveitando mínimas bobagens para citar certas histórias...
- Já me disseram que há histórias que são como canções, daquelas que você ouve uma vez, e, por mais que não decore a letra, quando ouvi-la novamente, vai saber assobiar algumas partes.
- Eu sei. Sempre me pego assobiando... certas lembranças.
- Bom saber que não sou o único.

Mãos trêmulas, olhares desviados.
Garganta seca, falas interrompidas, por pigarros, por insegurança. Nada que água - ou café, ou autoconfiança, ou cerveja - não possa resolver.
Mas não há nada disso aqui. Só o passado. Só uma enorme lacuna, e histórias desnecessárias, canções sem melodias, inassobiáveis;
E mágoas;
E sereno;
E lágrimas;
E medos confessos, pedidos de perdão, e “vamos tentar”, e “não há mais como”, e “foda-se tudo”, “fodam-se todos”, “fodam-se mesmo!”.
Mesmo.
Dedos - mãos em uma só;
Lábios - um único rosto;
Portas abertas, quarto, roupas, corpos, um corpo, risos, soluços, risos, gemidos, gritos, sussurros, sorrisos, gozo, e perdão.

- O sereno se foi. Gosto de como fica o tempo logo depois.
- Você gosta mesmo dessa estação, não?
- Bastante.
- Folhas, vento, sereno e surpresas... você continua exatamente o mesmo!
- Não. Eu mudei. E você, de alguma forma, também.
- Será? Não sei mesmo... lá no fundo, bem lá no fundo, fico feliz com os dias de sol.




Som: Explosions In The Sky - Your hand in mine

3.18.2006

[intervalo]

Vou demorar um pouco mais para postar o terceiro e último texto sobre os álbuns do The Cure. Já passei o Join (...) pra cd-r e estou morrendo de preguiça de procurá-lo, pra ouvir toooodo e resenhar.
Claro que colabora para a preguiça o fato de eu estar baixando a discografia do mestre Dylan, o que requer muito tempo e atenção. Além disso, com os discos do Dylan, veio a saudade dos dois álbuns que eu tenho do Ryan - não Bryan - Adams (já estou providenciando os demais). Isso sem contar que ainda não abandonei o Her Majesty, do ótimo The Decemberists, e enquanto outros links do mestre não estão liberados, o download traz Tegan and Sara, dupla que, apesar de ler boa coisas sobre, nunca tive, até agora, curiosidade em baixar. E quer saber? É bem legal!

Ah! Não posso esquecer de deixar rapidamente registrado algo que ouvi essa semana e adorei: Vanguart, banda nacional de folk-rock, com um vocalista que lembra, e muito, a voz do Thom York.
........

Por falar em folk, cogito seriamente a idéia de montar um projeto com essa proposta!
........


E essa história?

Uma promissora mulher-de-negócios deposita toda sua confiança em uma outra pessoa, de passado misterioso. Tempos depois, descobre-se traída, então, com raiva e decepção, manda a pessoa que a traiu para fora de sua vida.
Algum tempo depois, a traidora dá um golpe de mestre e leva tudo - dinheiro, casa e empresa - da tal mulher-de-negócios, que depois de muito sofrer, recupera seus bens, enquanto a pessoa traidora tem seu passado desmascarado, além de um trágico final.
Belíssima? Júlia e André?
Hnnn... talvez sim. Mas, por acaso, eu estava mesmo era pensando em Celebridade, e nas personagens da Malu Mader e da Cláudia Abreu.
A única diferença nisso tudo é que em uma o vilão é homem, e ex-marido da mocinha, enquanto na mais antiga, a vilã era uma mulher, ex-empregada da coitada-que-se-dá-bem-no-final.

Quem precisa assistir novelas para saber de alguma coisa?

Ô, autores! Um pouco de originalidade não ia fazer mal pra ninguém, não acham?!

3.12.2006

Considerações sobre The Cure - Parte II

Depois de mais de uma semana quase que ouvindo apenas The Cure (minha página no Last FM confirma isso), juro, estou parando! Cat Power durante essa manhã inteira (e se a bosta do audiofind não tivesse limite de downloads, teria completado o The Greatest, e a ouviria durante toda a tarde também!), e New Order ontem a noite não me deixam mentir.
Sei que assim que passar tudo pra cd, e assim que escrever o terceiro e último texto dessa série, aí é que vou ficar algum tempo sem os ouvir, descansando...
De qualquer jeito, quero escrever sobre algo sobre o Bowie assim que tiver conseguido baixar o máximo possível da discografia do cara.
E assim eu vou: deixo uma banda de lado, e vem outra, e outra, e outra.
O que não muda é uma coisa só: Arctic Monkeys continua me dando nos nervos.

Mas vamos ao que interessa!



THE CURE - OUTROS ÁLBUNS 1980/2004


Não tenho a mínima pretenção de escrever qualquer espécie de "biografia completa" sobre o Cure. Mesmo porquê, com tantas mudanças em sua formação, pessoas entrando e saindo, brigas, mudanças de proposta... daria trabalho demais (e, se é biografia que você quer, o google está aí pra isso...).
O que me proponho a fazer, e com a maior boa vontade do mundo, é dar uma breve opinião sobre cada álbum da banda, podendo portanto ser superficial demais em alguns casos. Mas se essas brever opiniões servirem para, de alguma forma, despertarem sua curiosidade, então meu texto serviu para alguma coisa.

Entre os "outros álbuns" sobre os quais escrevo aqui, não incluo alguns, pelas seguintes razões:
EPs diversos, para poupar tempo;
Sideshow é um breve registro ao vivo, com cinco faixas, não sendo portanto significativo;
Galore é apenas uma coletânea de singles, sem nenhuma novidade;
More Than Rare, apesar de uma boa coletânea de b-sides, é desnecessária de ser comentada quando contrastada com a caixa Join The Dots: B-Sides & Rarities 1978-2001 - The Fiction Years, que será comentada numa próxima ocasião;
Greatest Hits (CD 1) é apenas mais uma coletânea. O CD 2, porém, recebe atenção por se tratar de um álbum acústico.

Com essa segunda leva peneirada, vamos ao trabalho:


1 - Boys Don't Cry (1980):
Versão norte-americana para o debut Three Imaginary Boys, lançado em 79.
As canções "estranhas" do original inglês dão lugar aos singles como Boys Don't Cry e Killing An Arab - de letra influenciada por Albert Camus, que gerou polêmica na terra da hipocrisia: a imprensa estadunidense acusou o Cure de ser uma banda racista.

2 - Entreat (1990):
Um bom registro ao vivo em que a banda executa oito faixas do disco Disintegration.
Os destaques ficam por conta de Fascination Street sua linha de baixo hipnótica, além de Disintegration, quando Robert Smith mostra o grande vocalista que é, em uma interpretação emocionada e cativante.


3 - Mixed Up (1990):
Após o sucesso de Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me e Disintegration, Robert Smith, em uma boa jogada de marketing, põe no mercado um disco contendo apenas versões remixadas para grandes sucessos do Cure.
Lullaby (Extended Mix), Fascination Street (Extended Mix), Lovesong (Extended Mix) e Forest (Tree Mix) funcionam bem, enquanto Walk (Everything Mix) e Hot Hot Hot (Extended Mix) não fariam feio em um disco do Depeche Mode.
E, se as outras não chegam a empolgar, o resultado de In-Between Days (Shiver Mix) é simplesmente decepcionante.

4 - Paris (1993):
Fruto da vitoriosa turnê do álbum Wish, Paris destaca-se por seu tracklist abrangente, contendo desde canções como Apart, A Letter To Elise e Lovesong até outras como a caótica One Hundred Years (com uma breve citação de Hendrix no final), além de Charlotte Sometimes.

5 - Greatest Hits (CD 2) (2001):
O que poderia ser apenas mais uma coletânea na carreira do Cure, trouxe, na versão de luxo (infelizmente lançada apenas no exterior), um segundo disco, com todas as faixas do primeiro disco (inclusive as até então inéditas Cut Here e Just Say Yes), executadas de forma acústica, em estúdio (a banda já havia esperimentado o formato acústico, mas ao vivo, no começo da década de 90).
Mesmo não tendo nada de inusitado, com os arranjos reproduzidos da forma mais fiel possível, o disco 2 "retira a máscara" de cada uma das canções, e, como no caso de Boys Don't Cry, antes cantada de qualquer forma por um Robert Smith garoto, é devidamente interpretada, que quase nos permite vê-lo escondendo suas lágrimas.

6 - Three Imaginary Boys (cd2 - deluxe edition) 2004:
O primeiro trabalho da banda ganhou, em 2004, uma bela edição de luxo, dupla.
A novidade em si fica por conta do disco 2, recheado de demos - algumas delas caseiras -, alguns out-takes, e versões ao vivo.
Enche os olhos a demo de 10:15 Saturday Night, gravada na casa de Robert Smith. Com um quê de blues, e bem mais lenta, não teria feito feio se tivesse sido gravada assim (cá entre nós, acho até que eu gostaria mais dela dessa forma).

7 - Seventeen Seconds (cd2 - deluxe edition) 2005:
Também vem com demos, gravações ao vivo e out-takes, mas no caso do cd 2 de Seventeen Seconds, a graça fica por conta da inclusão das faixas gravadas pelo projeto Cult Hero, em que Robert Smith se juntou ao baixista Simon Gallup pela primeira vez (Simon se tornaria baixista do Cure algum tempo depois), e mais duas vocalistas, para gravar algumas canções de um carteiro (!) amigo da banda (sem dúvida, uma das histórias mais estranhas da carreira do Cure).

8 - Faith (cd2 - deluxe edition) 2005:
O terceiro da série de relançamento em versões luxo da banda.
O fato de ter 5 out-takes (bem mais que os anteriores) mostra o quão produtiva era essa época para o Cure.
Destaque para a versão remasterizada de Charlotte Sometimes, que eu defendo como sendo uma das melhores composições do grupo.

8 - Pornography (cd2 - deluxe edition) 2005:
Inclui o curioso Airlock (The Soundtrack), tema instrumental composto pela banda para um filme feito por um irmão de Simon, e que era exibido como abertura dos shows do The Cure na época do álbum Pornography.
Temptation Two (aka LGTB), surpreende pala qualidade, por ter sido gravada na casa de Bob Smith.

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A série de relançamento em edição deluxe continua em 2006, e estimasse que Japanese Whispers, The Top e The Head On The Door sejam os próximos.


E em breve por aqui: Join The Dots: B-Sides & Rarities 1978-2001 - The Fiction Years.

ps.: quem tiver a gravação do Cure para Love Will Tears Apart, me fale, por favor!

3.11.2006

[-]

Tédio me corroendo, junto com a Coca-cola e os pedaços de pizza que desceram mal...

Ainda não consegui pensar numa diferente forma de organizar meus LPs naquele cubículo que chamo de quarto. Tirei do armário, levei para o "quarto do computador" (mais que o dobro do tamanho do meu...), e por lá ficou.
Também não consegui passar das 100 primeiras páginas de O Jardineiro Fiel. Ô leitura chata essa!

No ouvido? New Order, Low Life, de 1985 (no momento, a empolgante Sunrise). No download, Decemberists, Her Majesty, 2003.
O mundo lá fora pode se preocupar o quanto quiser com o Arctic Monkeys, mas aqui dentro, escolho a qualidade. E se farsas-repetidoras-de-clichês tentarem entrar por esses lados, serão expulsos na base da porrada.

O que importa é que este é só mais um post entediado, em mais uma noite de sábado sem nada para fazer. Um intervalo entre o primeiro e o segundo, de uma série de três textos dedicados ao Cure.
Portanto, esqueçam-no.
  • .

    3.09.2006

    Considerações sobre The Cure - Parte I

    Antes de mais nada, quero deixar claro que não sei porque ainda posto por aqui. Primeiro porque, além de você, Daphne, e de você, Leonardo Juliano, ninguém lê e, mesmo vocês que o fazem, não se dão ao trabalho de comentar...
    Mas como não tenho nada pra fazer, lá vou eu postar novamente...
    O texto abaixo foi feito quando completei a discografia básica do Cure. Trata-se, exceto por essa desnecessária parte em itálico e pela introdução, das informações com as quais preenchi o espaço destinado aos "coments" nos arquivos de mp3, de acordo com cada álbum.

    Pretendo também, em próximos posts, falar sobre os demais discos, incluindo um post exclusivo para a maravilha que é a caixa Join The Dots: B-Sides & Rarities 1978-2001.
    Então... vamos lá!



    THE CURE - DISCOGRAFIA 1979-2004

    Fico impressionado com a ignorância das pessoas. A cada dia que passa, mais me deparo com irritantes "fãs" que conhecem apenas meia dúzias de músicas de seus "artistas favoritos", e com pessoas que detestam uma determinada banda ou artista conhecendo ainda menos que os pseudo-fãs citados há poucos.
    Há uma preocupação muito grande com a quantidade de bandas que se conhece, como se fosse alguma forma de status, e isso, de alguma maneira, acaba resultando em pessoas que não se permitem ouvir a um determinado grupo com a devida atenção. Com apenas uma música, ou, quando muito, com apenas um álbum, já sabem perfeitamente bem se "adoram" ou se "detestam" aquilo.
    Claro, quando a banda em questão tem mais de 25 anos de carreira, não pode ser tão simples assim. Ainda mais quando essa carreira compreende um disco com influências punks mais forte, alguns álbuns chamados "dark", um de synthpop, um psicodélico, e assim por diante. A banda? Cure, The Cure, do senhor Robert Smith, o cara-do-cabelo-pra-cima-que-faz-sua-mãe-lembrar-do-Edward-Mãos-de-Tesoura-e-do-Corvo.

    Com cada álbum sendo extremamente particular, faz-se necessário uma opinião específica sobre cada um deles, e é o que me proponho a fazer.

    Nisto que chamo de "discografia básica" do The Cure, deixo de fora alguns discos como Mixed Up, Galore, Entreat e Paris, por razões simples:
    Mixed Up é um disco de remix que, apesar de interessante, não traz nenhuma novidade impressindível.
    Galore é, assim como Staring at the Sea, uma coletânea de singles. O que a torna secundária é o fato de não contar com nenhuma canção que tenha ficado fora de álbuns oficiais (em "Staring" temos 3).
    Entreat e Paris são discos ao vivo. Enquanto o primeiro traz apenas músicas do disco Disintegration, o segundo tem repertório mais amplo. Porém, nenhum deles é tão impressindível quanto Concert - The Cure Live, que "encerra" uma fase na carreira da banda.

    Sem mais, e passada a peneira, vamos às considerações sobre cada álbum:

    1 - Three Imaginary Boys (1979):
    Primeiro trabalho da banda, e único, se comparado aos que viriam.
    Ainda não havia aqui uma sonoridade essencialmente Cure, digamos assim. Resquícios de punk, canções estranhas, Robert Smith garoto e inseguro, além de um curioso cover para Hendrix.
    Alguns meses depois, já em 1980, seria lançado em solo norte-americano, sob o nome de Boys Don't Cry, e com alterações no tracklist (saem algumas faixas consideradas "estranhas", entram singles).

    2 - Seventeen Seconds (1980):
    Oficialmente o segundo álbum na carreira do grupo, traz uma novidade em relação ao primeiro disco: a adição de um tecladista.
    A banda passa a buscar uma sonoridade própria a partir daqui, presando por climas mais soturnos e sombrios.
    Também nesta época, Smith se envolve em um estranho projeto chamado Cult Hero, lançando um compacto. As canções desse projeto, compostas por um carteiro amigo da banda, podem ser ouvidas na versão dupla, de luxo do álbum Seventeen Seconds, lançada no ano passado.

    3 - Faith (1981):
    Se 17 Seconds marca o começo de uma identidade própria, este álbum é a consagração da chamada fase "dark" do grupo.
    Contribuiu para isso o fato de que todos os integrantes haviam perdido ao menos um familiar nos últimos meses.
    A Record Mirror, uma publicação britânica, chegou a dizer que o álbum era "oco, raso, pretensioso, sem importância e despido de qualquer coração ou alma reais; um estilo que deveria ter morrido com o Joy Division."

    4 - Pornography (1982):
    "Perto de Pornography, Ian Curtis foi um saco de risadas."
    Essa declaração, feita por um crítico inglês, explica bem o clima do 4º álbum da banda, o mais soturno em sua discografia, escrito sobre forte influência de álcool e todo tipo de drogas.
    Foi nesta época também que Robert Smith definiu seu visual peculiar, com maquiagem, roupas pretas e cabelo armado, e passou a ser perseguido, imitado e cultuado pelos mais bizarros e deprimidos fãs que poderia imaginar.

    5 - Japonese Whispers (1983):
    Robert Smith, farto de fãs estilo "criaturas-da-noite", pessoas deprimidas e neuróticas que se vestiam como ele e o perseguiam, copilou um punhado de singles mais "anti-Cure" possíveis e fez este disco. Um típico álbum para ser odiado pelos fãs de Pornography e seus 2 antecessores.
    É curioso ouvir Cure soando como Depeche Mode na quase synthpop "The Walk", ou sendo influenciado pelo musical Aristocats, da Dysney, em "The Love Cats".

    6 - The Top (1984):
    Após se libertar da "fase dark", e após os singles divertidos, Robert Smith surpreende a todos com o disco mais psicodélico do Cure.
    As letra de The Top giram em torno das experiências com drogas, e de mágoas antigas, funcionando como desabafo.
    Destaque para solos alucinados de sax e vocais gritados.

    7 - Concert - The Cure Live (1984):
    Disco ao vivo sem grandes produções que foca o repertório em canções pesadas como "Shake Dog Shake" e "Primary", ignorando as mais leves como "Let's Go To Bed".
    Funciona como uma espécie de exorcismo, como se Bob Smith estivesse deixando para trás os seus fantasmas e encerrando uma fase na carreira do grupo.

    8 - The Head On The Door (1985):
    Apesar de uma fria recepção pela parte da crítica, The Head On The Door teve ótima aceitação popular, rendendo inclusive uma grande turnê mundial.
    Traz a clássica "In-Between Days".

    9 - Staring at the Sea (The Singles) (1985):
    Coletânea de singles que inclui algumas canções que haviam ficado de fora dos álbuns oficiais, como a bela "Charlotte Sometimes", uma das melhores da banda.
    Pode também ser encontrado sob o nome de Standing On The Beach.

    10 - Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me (1987):
    Marca o momento em que a banda se torna mais famosa que Siouxsie and the Banshees e Echo And The Bunnymen, empatando em popularidade com os Smiths, de Morrisey e Johnny Marr.
    Robert Smith radicaliza, e aparece de visual novo, quase sem maquiagem e de cabelos bem curtos.
    Foi também nessa época que o grupo esteve no Brasil, assistindo a, segundo Bob Smith, "um dos momentos mais bizarros da carreira do Cure": pessoas pulando e cantando, com sorrisos nos rostos, a música The Hanging Garden.
    O disco, bem mais pop e radiofônico que seus antecessores (caminho que seria seguido a partir de então), traz "Just Like Heaven", um dos melhores momentos da história do Cure.

    11 - Disintegration (1989):
    O tracklist, com faixas como "Plainsong", "Pictures Of You", "Lovesong", "Lullaby", "Fascination Street" e a própria "Disintegration" não me deixam mentir: Robert Smith precisou de todos os altos e baixos, carregando a bandeira do The Cure durante dez anos, para lançar o melhor álbum de sua carreira desde sempre.
    E não se fala mais nisso.

    12 - Wish (1992):
    111 shows entre maio e dezembro, e The Cure elevado ao status de super-grupo.
    Musicalmente, também um dos melhores trabalhos da banda, contendo a clássica atemporal "Friday I'm in Love", além de "High", "A Letter to Elise" e "Apart", uma das mais belas canções já feitas por Robert e sua turma.

    13 - Wild Mood Swings (1996):
    Se The Cure precisou de 10 anos para fazer o melhor disco da carreira, precisou de 17 para fazer o pior, mais chato e quase insuportável.
    Mesmo assim, vale a pena ouvir "Mint Car", "Round & Round & Round" e "Numb" - que só não é perfeita por estar inserida num álbum tão ruim quanto este.

    14 - Bloodflowers (2000):
    Álbum que remete, em partes, à beleza pop de "Disintegration", apesar de inferior. Melancolia, além de muitos violões e algumas batidas eletrônicas, norteam todo o conteúdo do disco, que é bom, mas nos deixa com a sensação de que falta algo para emplacar quando comparado à Disintegration e Wish.
    "Out Of This World", "Maybe Someday" e "The Last Of Summer" merecem ser ouvidas com carinho e atenção.

    15 - The Cure (2004):
    Álbuns de estréia é que costumam receber apenas o nome da banda (ok, White Album, de você-sabe-quem, não conta). Esse é o espírito do disco: um novo começo, o começo para uma nova era de Cure.
    Após o melancólico Bloodflower, esse "retorno" soa bem superior ao que todos esperavam.
    A produção ficou a cargo de Ross Robinson, considerado o "Papa do New Metal", por seu bom trabalho em extrair a melhor sonoridade possível de bandas lixos como Korn e Deftones, entre outras.
    Guitarras ganharam destaque, baterias e baixo soaram perfeitamente bem, enquanto Robert Smith injetou fúria em suas canções, como gritos em "Lost" e "The End of The World" e engajamento político em "Us or Them" (a primeira vez na carreira em que a banda se posicionou oficialmente sobre um assunto político, no caso a hipocrisia anti-terror norte americana).

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    As notícias dão conta de que o ano de 2006 trará o lançamento do 14º disco em estúdio do The Cure.
    Por qual caminho Robert Smith levará a sua banda dessa vez é, como em toda véspera de lançamento do Cure, um mistério.
    Sinceramente, podemos esperar qualquer coisa.
    Eu? Eu espero o melhor.

    3.04.2006

    Preciso de analgésicos e preciso parar com as cervejas.
    Preciso aprender a conversar com outras pessoas, a tirar as mãos dos bolsos, a levantar os olhos do chão de vez em quando.
    Preciso entender que o tempo passou, e que não posso apenas querer não ser o mesmo garoto de tanto tempo atrás, como devo não sê-lo!
    Preciso entender que você não faz mais parte do meu mundo, e que não importa o quanto eu grite, não importa quantas canções eu cante, quantas palavras escreva, você não vai voltar, você não vai ouvir, não vai ler.
    Não interessa o quanto eu fale em voz alta, conte piadas, sorria, preciso aceitar o fato de que, quando todos se calam, quando cai a noite ou quando o sol amanhece, sou eu o mais vazio, o mais triste, o mais patético, vazio e distante.
    Preciso de coisas demais, de mais coisas do que posso conseguir, por mim mesmo, com todo o esforço que eu possa fazer.
    Preciso reviver, longe de tudo, longe de todos, num mundo em que não haja lembranças, quaisquer que sejam, boas ou ruins.
    Preciso fechar os olhos, preciso de paz.

    3.01.2006

    jotadablio's Last.fm Overall Artists Chart