Até que eu me divirto!

mas que deixei de acreditar, isso eu deixei!

9.06.2006

Wolfe

"Nos anos 60, um famoso escritor reúne, sob sua liderança, um grupo extravagante, autodenominado Festivos Gozadores, que acreditava ter uma missão na terra: difundir o uso do LSD, ainda pouco conhecido, como instrumento para abrir as portas da mente. O psicodelismo, a rebeldia hippie, o idealismo da revolução cultural que marcou a segunda metade do nosso século são descritos com a ironia típica de Tom Wolfe, recriando através de uma linguagem alucinógena toda a vertigem daqueles anos. Publicado pela primeira vez em 68, O teste do ácido do refresco elétrico foi escrito no calor dos acontecimentos. Logo depois que Ken Kesey, o autor de Um estranho no ninho, se torna um fugitivo da Justiça e parte para o México com seu grupo visionário. O repórter Tom Wolfe sai à cata de uma boa história e depara com um retrato da época, com seu endeusamento das drogas e ruptura moral. O olho clínico de Tom Wolfe revela, por trás da aventura dos jovens revolucionários, a derrocada daquele idealismo quando obrigado a enfrentar o mundo real. Mas deixa transparecer uma dose de simpatia pelas fraquezas daqueles personagens, inebriados com a vida quando ainda não havia sido decretado que o sonho acabou."
[Sinopse de O Teste do Ácido do Refresco Elétrico, de Tom Wolfe]
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Tom Wolfe é, atualmente, meu autor favorito (pelo fato de que tem sido o que mais tenho lido nos últimos tempos, o que não significa que meu gosto por sua obra supere - só para ficar no âmbito do jornalismo literário - o gosto por gente como Truman Capote e - ok! - Hunter Thompson, entre outros).
Admito que conheci os textos do cara tardiamente. Apesar de conhecer seu nome há tempos (desde quando esse tal de New Journalism começou a me chamar a atenção, há alguns anos), foi somente com um exemplar emprestado de Radical Chique e o Novo Jornalismo (tnx Mr. Pedrosa) mais pro começo desse ano que consegui entender o motivo pelo qual o coroa-do-terno-branco tem tanta moral assim no meio (moral suficiente para ter um manifesto escrito no começo dos anos de 1970 explicando afinal do que se tratava o "novo jornalismo", que nem era tão novo assim). Depois, vieram ainda A Fogueira das Vaidades e A Palavra Pintada (qualquer hora eu devolvo, Fred!), além de Ficar ou Não Ficar (que, aliás, ainda nem acabei de ler).

O que mais admiro em Wolfe é sua capacidade de narrar o texto a partir da perspectiva de um determinado personagem, mudando a forma dessa narração a medida em que muda o personagem em foco no momento. Depois, a deliciosa ironia, não puramente cagada-nonsense-provocativa como a de Gonzo Thompson, mas de uma maneira peculiar (você não sabe o que quero dizer sobre a ironia de Tom Wolfe até LER algo de Tom Wolfe). Depois, mas não menos importante, o texto, a forma do texto, com todas as suas interjeições e... hmmm... pontuações, que são, de uma maneira quase mágica, capazes de lhe fazer saber exatamente como aquilo seria falado (na verdade, o jornalista diz que a pontuação, para ele, mais do que servir para a leitura, tem que fazer com que o leitor entenda como o personagem - ou o narrador, que seja - pensou aquilo que ali está escrito, como se formou aquela determina idéia). Três características que permitem que o Balzac do New Journalism seja rotulado simplesmente como "genial".

Tom Wolfe, no Brasil, é editado pela Rocco (com excessão de Radical Chique & o Novo Jornalismo, da Companhia das Letras) - aquela mesma que ganha rios de dinheiro vendendo as cagadas exotéricas de um certo mago brasileiro que faria melhor se simplesmente voltasse para a cartola de onde saiu e nunca mais aparecesse. Tem por aqui uns 10 ou mais títulos lançados, e a maioria relativamente fácil de ser encontrada em sites de megastores.
O meu conselho - e essa é a parte mais importante desse texto - é que você, o quanto antes, dê uma olhada no site das Lojas Americanas, e aproveite. Afinal, não é todo dia que se pode comprar O Teste do Ácido do Refresco Elétrico por R$34,90 (contra R$48,50 na Saraiva), Radical Chique e o Novo Jornalismo por R$9,90 (contra R$41,00!), Emboscada No Forte Bragg por R$14,50 (contra R$21,00), Um Homem Por Inteiro por R$37,90 (contra R$58,50) e, para parar por aqui, Ficar ou Não Ficar por R$21,90 (e que eu, há um mês, comprei na Saraiva por R$32,00). Infelizmente, não tenho dinheiro para arrematar a todos de uma só vez (espero que eles ainda estejam por lá quando eu tiver algo mais em caixa!), mas não pude resistir ao Teste (...) e ao Radical Chique (...), o primeiro, por ter me chamado a atenção desde quando li a sinopse pela primeira vez, e o segundo por ser simplesmente indispensável para qualquer estudante de comunicação que pretende, de alguma forma, não ser apenas mais um jornalista incolor, escravo dos padrões enlatados.

Vai por mim, cara... olha o site direitinho, compra o que puder.
Se não quiser pra você, pode comprar para mim. Eu não ligo. Aceito de bom grado.