Até que eu me divirto!

mas que deixei de acreditar, isso eu deixei!

9.01.2006

A Ilha - Dia #02: 26 de agosto de 2006

“Cadê meu celular?”
Pés de um lado do meu rosto, uma cabeça do outro. Dormir em barraca não é a coisa mais confortável do mundo, mas até que consegui apagar bem.

“Que horas devem ser agora?”
O telefone vibra duas vezes antes de começar a tocar o que era para ser Get it Back.
São seis e meia da manhã.

Alan acorda, sai, escova os dentes e volta. Eu saio, escovo os dentes e volto. William continua fazendo o que fez durante toda a noite: não para de roncar.
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Café da manhã, desmonte da barraca e início da primeira caminhada. A ladeira fica punk pouco depois da primeira meia hora andando.

Quebrando a direita, Praia Iguaçu. Para o nosso destino (Praia de Fora), ainda falta mais um pouco. E estamos andando há quase duas horas.
Aqui, no meio do nada, a porcaria da Claro funciona. No meu quarto que é bom... NADA!
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Chegamos às 11, e esse povo é simpático, e o bigode do Mauro é engraçado, e o Mauro é gente boa, e o Mauro é o dono do quintal onde vamos montar nossa barraca, mas o Alan crava um dos ganchos de prender a barraca (sei lá o nome daquilo) bem em cima de um cano e de repente tem água espirrando alto.

A carne de siri está deliciosa, e pede uma Brahma, mas a birosca em frente nosso camping improvisado só vende Itaipava (a única com peito suficiente para trazer o produto até o meio do nada).
O frango do almoço também está bem gostoso, e não sei se o cansaço ajuda a apurar o paladar, mas desconfio que sim.

O grande restaurante de frutos do mar contrasta bastante com a simplicidade das casas, mas quando se tem uma praia daquelas como quintal (água ótima para o banho, muito clara, com pequenos cardumes à vista)... quem se importa?

Deito um pouco na rede e durmo mais do que imaginava que conseguiria.
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Mauro: Cachaça? Parei! Tinha acordado, tomada um litro de 51, comido umas carnes salgadas ali e fui trabalhar. Daqui a pouco minha perna dobrou pra traz e eu caí feio, não conseguia levantar. Fui no médico e o cacete. Tá tudo certo comigo, mas só posso ficar na cervejinha!
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Não consigo parar de comer essas barras de cereal.
A saudade apeeeeerta – farei de TUDO para voltar na terça. Converso por alguns instantes com a fotografia que, ironicamente, está guardada dentro de Ficar ou Não Ficar, de Tom Wolfe. Ora, Toninho! Não seja tolo! É claro que quero não ficar!
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Pobres: burocracia para poderem cortar árvores que ameaçam suas casas e a integridade de suas famílias (“já fui quatro vez em Abraão pra resolver isso e nada!”);
Ricaços: cortam o que quiserem sem ter que dar satisfação a ninguém.
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Cansado e anti-social, volto para a rede depois da janta.
Minha esperança de ficar ao menos uma semana sem ouvir o bosta do Armandinho é frustrada quando o homem-do-litro-de-51 resolve abrir a boca e estragar o que estava sendo até então uma noite de paz e despeja aqueles desprezíveis versos com as palavras “desenhou”, "namorando", “beira do mar” e essas coisas. Isso já é pesadelo, mas demoro mais um quarto de hora até conseguir dormir.