Até que eu me divirto!

mas que deixei de acreditar, isso eu deixei!

4.27.2006

Considerações sobre The Cure - Parte III e final!

“Só mesmo você para ouvir The Cure ainda hoje.”
[Joubert]


Ao contrário do que pensa um certo amigo meu (sempre ele!), autor da afirmação acima, há muito mais pessoas ouvindo The Cure hoje em dia. Mesmo quando não se dão ao trabalho de ouvir o Cure original, seus playlists incluem bandas como Hot Hot Heat, Bloc Party, The Killers, The Bravery, A Perfect Circle, Dogs Die In Hot Cars, The Rapture e outros nomes contemporâneos, que nada fazem além de diluir influências de Cure com algumas outras. Cada qual com suas (poucas) particularidas, mas todas, em maior (The Rapture, Hot Hot Heat) ou menor (Bloc Party, The Killers) grau, sugando diferentes épocas e trilhando diferentes caminhos apresentados pela banda de Robert Smith.
É por isso que, “ainda hoje” (e cada vez mais), não apenas ouço, como também insisto na importância e na relevância do Cure para a música pop.

..........

Antes de seguir em frente, caso você ainda não tenha lido, recomendo uma visita aos dois tópicos anteriores citados abaixo:

  • ..........

    The Cure - Join The Dots: B-Sides & Rarities 1978-2001 - The Fiction Years

    Join The Dots (...) é o nome de uma caixa que, ao longo de quatro cds, expõe o lado mais obscuro (que, nesse caso, nada tem a ver com sombrio) da carreira do Cure, através de b-sides, out-takes e outras raridades da banda, desde sua formação (ainda como Easy Cure), até 2001, um ano após o lançamento de Bloodflowers.
    Para facilitar, apresentarei a caixa disco-a-disco, com pequenas observações e indicações de músicas mais relevantes.


    1º Disco - (1978 - 1987):
    Talvez o mais estranho entre os cds, justamente por compreender o período em que a banda surgiu, definiu sua identidade, mudou de idéia e se reinventou, em menos de dez anos, indo do resquício punk ao flerte Synth-Pop, e finalmente ao pop-ao-estilo-Cure, passando pelo chamado Gothic-Rock.
    Para se ter uma boa idéia desse trajeto, ouça na seqüência 10:15 Saturday Night (que saiu como b-side de Killing an Arab, em 1978), pule para Splintered In Her Head (de 81), depois para The Dream e termine essa turnê com The Exploding Boy. Mas não se assuste: é SIM a mesma banda!


    2º Disco - (1987 - 1992):
    Robert Smith não deve ser bom das idéias. Se for, então de que forma é possível explicar que Japanese Dream, dos belos versos “I'm going back to the land of the blind / Back to the land where the sun never shine”, tenha saído apenas como b-side de Why Can’t I Be You?
    E o disco, recheado de belas canções essencialmente pop, segue deixando sempre essa impressão de que Robert esteve durante todos esses anos, escondendo o jogo, renegando canções tão boas quanto as que divulgava.
    Audição obrigatória para muitas das faixas: Japanese Dream, Chain Of Flowers, Snow In Summer, How Beautiful You Are (Clearmountain 7'' Remix), To The Sky e as versões para The Dorrs em Hello I Love You - boa pra cacete! - e Hello I Love You (Psychedelic Version) - meia boca, mas curiosa.


    3º Disco - (1992 - 1996):
    Que Wish, de 92, é um grande disco, isso eu já falei por aqui antes. Também não há como não ser quando você tem músicas como Friday I'm in Love e A Letter To Elise disco, podendo se dar ao luxo de relegar This Twilight Garden à mero b-side do single de High.
    Outros bons momentos do disco 3 ficam por conta de Play e Big Hand, além dos covers para Hendrix(duas versões para Purple Haze) e David Bowie (Young Americans) e o tema do filme O Corvo, Burn.
    Trecho de This Twilight Garden: “I lift my eyes from watching you / to watch the star rise shine onto / your dreaming face and dreaming smile / you're dreaming worlds / for me”.


    4º Disco - (1996 - 2001):
    A verdade é que o quarto disco da caixa traz um Cure menos inspirado que os demais. Mas o que é o “Cure sem tanta inspiração”? Robert Smith é tão estranho que consegue conceber um álbum tão fraco quanto Wild Mood Swings , de 96, com pouquíssimos bons momentos, e, na mesma época, compor coisas tão belas quanto Wainting, ou ao menos bacaninhas como Pink Dream, ou Signal To Noise (com duas versões no disco, uma normal e outra acústica).
    O disco traz ainda World In My Eyes, cover de Depeche Mode, e More Than This, da trilha de Arquivo X.
    .........


    Enfim, consegui terminar essa não pretensiosa análise da discografia da banda, ainda que de forma superficial! :)