Até que eu me divirto!

mas que deixei de acreditar, isso eu deixei!

4.20.2006

"Isso sim é absurdo!"

No Orkut:

"cara. você também acha que o violins é a coisa mais impressionante que aconteceu na música brasileira nos últimos 10 anos? to começando a suspeitar disso."
19/04/2006, 22hs 03

"pois é. a cada dia que escuto fico mais impressionado. isso só cresce. mas acho que show no rio vai demorar. isso se rolar um dia. é uma pena."
20/04/2006, 05hs 56.
..........

Desastrosas experiências me ensinaram a sempre duvidar de qualquer comentário que encha a bola de quem quer que seja a tal ponto. Mas confesso: esse me fez pensar.
Se tivesse sido feito por algum Joubert da vida, e eu não conhecesse a banda, riria. Caso fosse a respeito de alguma banda nova (mais precisamente surgida até, no máximo, sexta-feira passada), e o comentário fosse de autoria de algum desesperado jornalista paulista atribuidor de hypes, ignoraria. Mas não é nenhum dos casos.

Grandes Infiéis, do Violins, foi, sem dúvida, o melhor cd nacional de 2005. Em todas as categorias. Não teve para Hermanos, Pato Fu ou quem quer que você possa lembrar agora, e isso é fato (preste atenção no negrito). Já os dois discos anteriores, não os conheço por completo, mas meus amigos que os conhecem dizem não ser tão bons. Mas sabe como é... amigos como o Joubert.

Os comentários transcritos foram de autoria de Manoel Magalhães, membro e compositor de duas entre as 3, ou 5 bandas cariocas que mais gosto (A saber: Polar e Columbia. As outras três, sem posição definida, são: a)Alice; b)Outono; c)Olivia - a única "falecida" entre as citadas), e, não há dúvidas, ver um membro das bandas contemporâneas que você mais admira em âmbito estadual rendendo tributo a banda contemporânea que você mais admira em âmbito nacional, tem seu peso, faz pensar.
Ok, eu posso não concordar com os "10 anos" (talvez até por não conhecer a fundo toda a discografia da banda), mas, com certeza, Violins é uma das coisas mais impressionantes surgidas na música brasileira nos últimos tempos.

Beto Cupertino e seu texto único correm por fora de qualquer categorização que possa ser feita, e mostram que Goiás pode dar para o Brasil bem mais que leite, tomate, duplas sertanejas e um time de futebol. Uma pena que, aqui no Brasil, texto bom não receba seu devido reconhecimento. Mesmo quando tenta ser popular, é profundo demais para a massa de desinteressados. Ou você imagina realmente que um dia vai encontrar as pessoas num ônibus cantando coisas como Absurdo:

Pois é, nada a ver
Eu não consigo mais
Entender quem aqui é você
Entender quem aqui sou eu
Mas há quem diga que somos um belo par...

Difícil é entender como é que é normal
Eu me apoiar em você
Pra achar a vida legal
E há quem diga que eu sou só um grande boçal

Mas é em você que eu vou encostar
Que eu já cansei de investigar e achar só um absurdo
Ter que ficar mudo
Quando alguém vem me criticar
Que eu devo me livrar de você
E enfrentar de vez o mundo
Isso é absurdo...


Essa é uma amostra do bom compositor que é Beto Cupertino, e você pode baixá-la numa versão demo feita por Larissa Moura aqui (ou a versão demo do Beto, aqui).
Já o Violins, compre Grandes Infiéis de olhos fechados, ou espere pelo novo álbum que deve sair até o final deste ano. Em todo caso, só para não ficar com água na boca, baixe SOS, ou Atriz.

  • Violins - site oficial
  • 7 Comments:

    • At 6:46 PM, Anonymous Anônimo said…

      Relações Públicas? huahauahaua... Zueira.
      Gostei da poesia. Não gostei mto do som. E não posso comentar mto sobre meolhores cds de 2005. confesso. Soh ouço coisa velha ou exterior.
      Sem cultura ¬¬

       
    • At 12:16 AM, Blogger Unknown said…

      o meu comentário tem um sentido que permeia bem o que você escreveu: texto.

      o diferencial do violins em relação a tudo que eu tenho ouvido é isso: texto.

      porque música boa (melodia e harmonia), você ouve, não é tão raro assim. mas conceito, idéias, imagens, acho que são coisas que as pessoas nem pensam em questionar, as vezes nem percebem que existem.

      o "grandes infiéis" faz pensar. é um disco com um conceito fechado, com letras realmente impressionantes.

      quando eu escuto o cara cantar "Eu comecei vendendo rins em hospitais escuros sem saber porquê. foi quando eu me surpreendi te oferecendo para o bem de alguém." ou "Conta que eu amo as putas,
      conta o quanto eu te quis quando você me quebrou o nariz"
      só consigo pensar nisso que te falei: será que consigo pensar em alguma outra banda brasileira nos últimos tempos que abordou temos assim e sem obviedade? eu sinceramente não me lembro de nenhuma. mesmo os hermanos que são ótimos, poucos vezes conseguem escapar do cliche temático que todos nós somos prisioneiros no rock.

      acho que o violins tá humilhando na questão: ASSUNTO.

      "Ensaio sobre Poligamia" é um exemplo disso: "quantos clichês que te falam que você só deve ter quem te torne mais feliz?"

      isso pra mim já diz tudo. valeu rapaz. grande abraço.

       
    • At 3:47 PM, Anonymous Anônimo said…

      pois é né!
      entao fica só um pouquinho com inveja,
      porque eu já fui no show deles.
      xD~
      e já te contei a historia né...
      eles vao aí no rio assim que tiverem oportunidade,
      mas como o 'mercado' só tá apostando em bandas FUDIDAS,
      acabam tirando oportunidade das melhores.
      mas se deus quiser eles ainda vao praí,
      e voce vai ter a mesma sorte que eu.
      ;*

       
    • At 5:26 PM, Blogger Mônica said…

      e eu confesso que nunca ouvi falar...

       
    • At 4:04 AM, Anonymous Anônimo said…

      E existe uma teoria sobre tudo isso: violins, ame-os ou odeio-os.
      Verdade.
      Ou vc se torna uma pessoa completamente apaixonada, vidrada e fascinada pelas musicas dos caras... ou não suporta ouvir e fala q dá sono.

      No meu caso, qd ouço violins me dá até desanimo em escrever musica.. pq sei q nunca vou chegar nem no dedo mindinho do beto algum dia...
      ctz.. dificil encontrar alguem q escreva tanto qd ele! =~

      ps: adorei teu blog!

       
    • At 10:49 AM, Anonymous Anônimo said…

      Meus conterrâneos Violins são do caralho! E ainda melhores ao vivo do que no disco, com o perdão da obviedade... tenho os dois Violins e o primeiro, ainda com Old Books. Grandes Infiéis é o melhor, e teve meu voto na lista dos melhores de 2005 na S&Y.

       
    • At 1:33 PM, Anonymous Anônimo said…

      Uopa. Manoel por aqui. Desculpe entrar assim, vi o link na comunidade do Violins.

      Belo texto. E Violins é foda mesmo. O show deles em novembro passado, aqui em Curitiba, comprovou o quê eu pensava. Ao vivo é um absurdo (só pra usar o título da música hehe)

      boas audições, boas leituras, bons textos. até. visitarei mais.

       

    Postar um comentário

    << Home