um dia de cada vez
Escrevo cartas de despedida num intervalo que pode ser de duas semanas, ou dois meses, ou seis meses. Mas de vez em quando me pego escrevendo cartas - não sofridas, diga-se de passagem - de despedida.
Sempre pensei que fosse morrer novo. Das doenças da infância à depressão da adolescência (apenas?), sempre tive essa impressão. E pra minha surpresa, foram-se amigos, em acidentes, em ataques cardíacos, em ocasiões misteriosas, com direito a porta do banheiro arrombada e tudo.
E eu que nunca tive prazer em nada disso aqui, continuo...
O calor está insuportável por aqui. Banhos e mais banhos, ventiladores por todos os lados.
Pra poupar o meu ex-peludo cachorro do sofrimento, meus pais o mandaram para a tosa com uma profissional. E agora ele é o animal mais esquisito e cor-de-rosa que já vi!
Qualquer dia desses eu paro de usar a escrita como válvula de escape. Não sei o quanto me alivia cada uma das mentiras bonitinhas e verdades deprimentes que conto, ou quanto mais me torno escravo, refém, como se necessitasse de estar continuamente mal para tentar fazer algo minimamente razoável.
Fora os outros exigirem que você seja permanentemente down...
Hoje entendo perfeitamente o que Connor Oberst quis dizer sobre como é estranho ver que as pessoas se decepcionam quando o vêem de bom humor, porque, no pensamento coletivo, quem escreve coisas tristes deve, certamente, ser uma pessoa triste.
Então, ou paro de escrever, ou paro de mostrar!
"Faz isso pra mim?" Não! Deixa eu ser espontâneo, caramba! Se eu não fiz, é porque ainda não tive vontade, ou criatividade, ou sei lá! Mas quando quiser, quando quiser mesmo, se um dia quiser, pode ter certeza que farei.
Como aquele bigodudo lá cantou certa vez: "Não me peça pra cantar uma canção como se deve!". Simples, não?
E não tem despedida, mas talvez também não tenha uma próxima vez. E está avisado: quero parar de escrever!
vai ver eu nem pare de escrever coisa alguma, mas que preciso parar de ouvir shoegaze e trip-hop, isso eu preciso!
1 Comments:
At 6:52 PM, Anônimo said…
uma vez eu escrevi algo onde dizia que tudo que eu escrevia era para me iludir, nao duvido muito disso mesmo, mas o importante é a própria vontade...
despedidas eu já fiz centenas, mas sempre voltei, o melhor da vida e da mente livre é isso, dar-se o direito de mudar de idéia sempre.
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