Desculpe
Quanto mais eu tento lhe ajudar, mas afundo em minha desgraça.
Quanto mais tento ser útil pra você, mais me pego acreditando em coisas que não irão acontecer.
E que ajuda é essa? Pra que serve?
Não lhe acrescento nada, não lhe faço crescer, e me derrubo, cada vez mais, cada vez mais fundo, esperando seu próximo pedido de socorro, para voltar a me acabar mais um pouco.
Tudo o que eu queria é que a vida fosse simples.
Queria que Ringo tivesse morrido antes de John.
Queria não me sentir tão próximo de Syd Barrett enquanto Lanky (PartII) enche meu quarto com sons estranhos, guitarras e sininhos.
Não pedi para nada ser como é. Eu não pedi por nada.
Mas desejei. E desejo.
Desejo o distante, desejo o quase impossível.
Desejo o que você sabe, mas faz que não, eu deixo como está, só para me ver cair no momento em que você vira as costas e se vai por entre as escadarias da cidade grande.
Desejo que meus dedos dêem uma folga ao teclado do maldito computador, antes que comecem a sangrar, porque digito rápido, e rápido eu choro, e rápido enxugo lágrimas, e rápido calço um dos tênis enquanto, já não tão rápido assim, continuo a digitar com apenas uma das mãos.
Eu sonhei com você uma vez. Sonhei duas. Três talvez. (outra vez já não digito tão rápido, porque é difícil digitar apenas com a mão esquerda), e o real tomou maiores proporções.
Eu ouvi você gritar, e não lhe deixei cair. Mas ao me curvar, machuquei meus joelhos. E tem sido assim: a cada vez que lhe apoio, parte de mim sai ferida.
Não lhe culpo por nada. Você (quase) nunca me pediu. Mas não sei ser diferente. Não sei viver sem ilusões. Não sei escrever sem um bom tanto de "eu" e outro tanto de "você".
Já não sou nada, nada além de flagelos. Nada além de uma mistura de todas as canções que ouvi, de todos os textos que me fizeram chorar, filmes que me fizeram pensar... uma mistura que, ao som da versão instrumental de Golden Hair, acaba de se arrumar, prepara-se para sair, e sem a mínima vontade voltar.
Sem lugar pra ir, sem telefone ou relógio para acompanhar, e com planos de sumir. Esse sou eu.
Lembra de todas as vezes em que lhe prometi eu sempre estaria aqui para quando você precisasse?
Esqueça a parte do "sempre" e mudemos a ordem do acordo.
Enquanto eu estiver aqui, se precisar, eu irei lhe ajudar.
Só não sei mais é quanto tempo ainda hei de estar aqui. Não depois de hoje.
Som:o disco Opel, Syd Barrett.
1 Comments:
At 3:04 PM, Anônimo said…
mto triste.
vc ta bem?
beijos..te amo
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