Até que eu me divirto!

mas que deixei de acreditar, isso eu deixei!

5.25.2006

Fim dos Outros (ou "the times they are a-changin'")

Eles se conheceram em agosto de 2001. Uma festa, coisa e tal, três dias seguidos, “passa lá em casa?”, “me liga”, “te ligo”, “passo na sua casa amanhã”, começaram a namorar, ainda que não assumissem isso.

Por ser muito amigo dele, comecei a sair com a prima dela, uma, talvez duas semanas mais tarde.
Eles brigavam, terminavam todos os dias, sempre voltando no dia seguinte. Eu e a tal prima dela brigávamos a cada duas semanas. Em quatro meses, éramos passado – terminamos em definitivo (salvo raros flashbacks, o que não vem ao caso). Eles? Terminaram semana passada.

Não sou, nem de longe, a mesma pessoa de agosto de 2001 (e a expressão de estranhamento no rosto ao encontrar alguém que não me via desde aquela época é algo que só faz confirmar que, da recém falta de cabelo em ascensão ao gosto musical, muita coisa aconteceu por esses lados). E quanto a eles, todas as mudanças pareciam atingir aos dois de uma só vez. Todos caminhos que ela percorria pareciam, de alguma forma, serem escolhas dele. Todos as escolhas que ele tomava pareciam caminhos apontados por ela.

Um amigo inteligente, galinha, boêmio desregrado e sem chão - como um poeta romântico da segunda geração, em suas roupas pretas, e barbas, e porres e tudo mais - chegando à casa dos vinte, e uma menina, completando quinze anos, bonitinha, anti-social, vazia e de olhar baixo sem brilho – tão diferente e ao mesmo tempo tão ideal, a musa perfeita para ele - cresceram quanto pessoas, tornaram-se mais interessantes. Porém eram apenas um, uma unidade, e já não havia mais “ele”, ou “ela”. Eram eles, e isso bastava, para eles e para todos ao redor.

É estranho vê-lo agora querendo de volta um tempo que não foi perdido, convidando todos os seus antigos affairs para um chopp no fim de semana, como sempre fazia, até julho de 2001. Ou vê-la sozinha, com seu olhar triste, vazio, sem brilho, a tomar o mesmo trem que eu, ao meio dia, na Central do Brasil, e saber que lhe resta muito mal a amizade se sua prima – hoje quase casada com um cara com quem namora há bons três anos.

“Quem era eu há cinco anos?”. Sempre que desejava saber, ia até eles. Como uma pedra no quintal da sua casa, que assiste às mudanças de estação ao longo de anos, sem se mover um centímetro sequer, eles me conheceram, me viram mudar. Eram o ponto-de-referência, algo, talvez a única coisa, que existia quando eu ainda era inocentemente inconseqüente, sem as responsabilidades e os deveres a cumprir, e sem a noção de que tudo-volta-pra-você que só as quebradas de cara puderam trazer. E agora, a pedra se tornou poeira, o lugar de memória se foi, o norte perdeu o rumo.
Mais do que antes, não existem mais raízes, bases sólidas. Como cantou Bob Dylan, “os tempos estão mudando” e – Deus meu! – isso é incrível e terrível ao mesmo tempo!
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Mas semana que vem eles reatam - isso se já não tiverem reatado -, e nada disso aqui vai fazer sentido outra vez.
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E por falar em Bob Dylan, assisti ontem o No Direction Home, documentário sobre ele feito pelo Martin Scorsese. Rapaz, é coisa fina mesmo! Empolguei outra vez no trabalho do cara, e assim que puder, compro as Crônicas. Enquanto não posso, continuo ouvindo os quase trinta álbuns que tenho por aqui, e tentando completar a discografia, com seus mais de 60 discos - entre eles o álbum de duetos com o Van Morrison, que, apesar da qualidade de gravação de algumas músicas não ser lá grande coisa, é excelente!. Confere aí, vai...

1 Comments:

  • At 7:40 AM, Anonymous Anônimo said…

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