Até que eu me divirto!

mas que deixei de acreditar, isso eu deixei!

6.01.2006

Será isso um relatório?

Segue um trabalho que entreguei na faculdade, valendo 4 pontos da média. Não estou mais afim de fazer trabalinhos "normais" mais não...
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Campus Rebouças (talvez fosse mais adequado chamá-lo de Campus Turano, como já fazem alguns) da Universidade Estácio de Sá. A segunda avaliação da disciplina de Técnicas de Pesquisa Jornalística – lecionada pelo professor Marcos Pedrosa (que mais tarde descobri atender também pela alcunha de Quico, mas creio que isso não vem ao caso) aconteceu da seguinte forma: com a turma dividida, cada um dos grupos deveria escolher algum dos diversos títulos de livros de uma lista apresentada por Pedrosa (havia também a possibilidade de escolher algum outro título, mas ninguém – exceto dois patifes – se dispôs a fazer isso), ler e apresentar, em um seminário, um breve resumo sobre a vida do autor e do que se trata o livro escolhido.
Entre 4 de maio e 1º de junho, uma vez por semana (sempre às quintas-feiras, 9h40, sala 301, Bloco A), alguns apresentavam o resultado de sua pesquisa, outros dormiam, outros não conseguiam calar a boca e outros – como esse que escreve agora – até que prestavam atenção, isso quando não estavam longe, em outra estação, desejando a cerveja do bar em frente ou a garota de perto de sua casa.

4 de maio:
Sabe os patifes? Sou um entre eles (All Star surrado, jeans surrado, camisa amarela com estampa do autor escolhido, até que não tão surrado assim), e o outro é Fabrício Bandeira (faltas constantes, Ray Ban muderno na cara, fã de George Michael).
9h30, Bar do Paulete. 9h40, sala 301, Bloco A. “A Grande Caçada aos Tubarões”, coletânea de textos assinados por Hunter Thompson – o homem do gonzo journalism, do LSD e todos os outros perturbadores possíveis, do tiro na boca e tudo mais. Queria poder ter fotografado, registrado a expressão boquiaberta de todos ali, há tanto tempo adestrados à caretice do “jornalismo tradicional”, da pseudo objetividade, o lenga lenga da imparcialidade e tudo mais que for sisudo e sacal, enquanto eram apresentados aos textos do tio Gonzo, seus olhos gritando “mas isso não é jornalismo!”, um banho de água fria, ou melhor, um banho de rum em suas caras assustadas.
Para falar sobre Hunter, citamos também Burroughs e Kerouac, Capote e Wolfe, Depp e Del Toro, Veríssimo e Czarnobai. Beat Generation, New Journalism, Medo e Delírio (com direito a exibirmos um trecho do filme), e frutos Gonzo no Brasil.
Até que gostei.

Semana seguinte – 11 de maio:
Caco Barcelos e seu “Abusado”, apresentado pelo trio de Luciana Fontes, Carolina Mattos e Aline do Nascimento, e é fácil de perceber que Luciana é entre elas a que mais domina o trabalho, divagando sobre a trajetória do autor (faculdade de matemática, Folha da Manhã em 1973, Prêmio Jabuti, Revista Veja, entrada na Globo em 1985 etc.) e a história do livro escolhido (como as crianças se envolvem no tráfico, Dona Marta tomado como exemplo, Marcinho VP e outros bandidos – todos os personagens com nomes fictícios). Para terminar, o velho conhecido documentário "Notícias De Uma Guerra Particular", de João Moreira Salles e Kátia Lund. E ponto final para elas.
Pedrosa – ou Quico? – resolve falar sobre Nelson Rodrigues, usando como base o livro “O Anjo Pornográfico”, de Rui Castro. Duas crônicas passam pelas mãos da turma de sonolentos e desinteressados, e já é meio dia, fim da aula, fica pra próxima semana.

18 de maio:
Guerra do Vietnã. Antônio Callado, então repórter do Jornal do Brasil é enviado para o local como correspondente. Tanto tempo depois, os textos dessa época compõe o livro “Repórter”, agora apresentado pelo grupo formado por três pessoas mais díspares possíveis entre elas: Alan Kronemberg (adepto do montanhismo, chamado por outro professor de “homem biônico”), Norton (negro até que forte e de voz um tanto andrógina) e o calado – sem trocadilhos – Tiago Bosco (com um visual daqueles de alguém que provavelmente adoraria morar em Londres, ter uma banda e ser chamado de “Salvação do Rock” pela NME).
Ainda antes da aula acabar, Pedrosa passa mais algumas informações sobre Nelson Rodrigues, incluindo dois episódios de “A Vida Como Ela É...”.

Penúltima semana – dia 25:
Dois seminários marcados para esse dia, um dos grupos pronto para começar, mas não há quase ninguém na sala. Uma componente do outro grupo quase grita ao telefone, falando com um de seus parceiros: “Cadê você, garoto?! Vem logo!”.
Ilana, Jaciane e Letícia fazem então sua parte, falando sobre ele, o homem que já foi poeta, correspondente de guerra, que presenciou a queda do muro de Berlim e que, como prêmio, é hoje conhecido como apresentados do que há de mais descartável na televisão nacional, o “Big Brother” Pedro Bial. O livro em questão é “Crônicas De Um Repórter”, mas enquanto seu currículo é apresentado, o que mais me chama a atenção é ouvir a definição de “Tarja Preta” (livro de Bial escrito em parceria com Adriana Falcão) como “bem Jorge Wagner” – meu nome como sinônimo para nonsense, provavelmente ainda fruto da impressão causada pelo seminário sobre Thompson.
O “Cadê você, garoto?!” de Renata Frascino parece ter funcionado, e tanto Alexander – talvez com certa dor de ouvido uma hora dessas – quando Rodrigo Monteiro estão na sala para apresentar “Minha História com os Outros”, de Zuenir Ventura. A coisa toda não é lá muito fiel, e Zuenir, de memória fraca, recorreu a terceiros para “lembrar” de algumas coisas, fazendo então questão de dizer que certas coisas em seu livro podem não ter acontecido exatamente como estão escritas (e enquanto redijo esse... hnnn... relatório, uma lembrança recente me vem à memória: o responsável pelo curso de jornalismo da Estácio, metido em seu terninho peessedebista, questionando “e o cuidado com a credibilidade?”...).

1º de junho – Fim:
Ninguém leu o livro. Julia leu trechos de biografias, Roberta visitou alguns sites, Willian gostou dos filmes “Canudos” e “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Mas o livro mesmo, “Os Sertões”, de Euclídes da Cunha (o mais famoso corno da literatura brasileira), esse mesmo, ninguém leu. É tão chato quanto é necessário – muito nos dois casos. Talvez um dia eles leiam. Talvez eu leia um dia, mas não agora, por favor.
O mais importante do trabalho deles já foi dito, e eu pego minhas coisas, e eu vou embora antes que eles acabem.


Também o mais importante deste... é... bem... relatório, creio eu, já foi feito. Paro por aqui, e isso é o fim.
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3 Comments:

  • At 5:10 PM, Anonymous Anônimo said…

    Preguiça, só pra não perder o costume aki estou...

     
  • At 1:49 AM, Blogger Marcos Pedrosa de Souza said…

    Jorge Wagner,
    Em primeiro lugar, parabéns. Não sabia da passagem da 22a. primavera e mando aqui os meus parabéns. Em segundo lugar,não é Quico, mas Kiko, o que na verdade pouco importa. Ah, é Kiko de Marcos FRANCISCO (Chico ou Kiko)Pedrosa. Em terceiro lugar, parabéns pela excelente resenha e por transformar o seu apredizado universitário em uma constante e ininterrupta prática. Hunter Thompson deve exibir em seu rosto nesse momento um sorriso por trás da piteira por estar fazendo escola no jornalismo.
    Finalmente, muitas felicidades e muitos anos de vida.
    Kiko Pedrosa

     
  • At 6:45 AM, Blogger jwagner said…

    ahhhhh! então tá explicado o apelido, Mr. Kiko! hehehe
    obrigado pelo comentário, Mestre!

     

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